quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Nunca vivi sem medos. À medida que envelheço vejo-os apenas substituídos. Posso fazer assim a crônica dos meus horrores, cobra, eletricidade, viagens, mortes. Agora, o inominável pavor de que meus filhos tenham morte violenta. Por isso, talvez, goste de cemitérios, porque lá já se morreu, não se corre mais riscos. É como se eu não tivesse pele, minhas vísceras palpitam expostas. Odeio telefone, é impudente, toca à meia-noite para maus avisos.

Adélia Prado

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