segunda-feira, 30 de março de 2009

Alegria em pepitas Ricardo Gondim

Não sei descrever a minha alegria. Talvez seja uma pequena coceira na alma, que me dá vontade de rir. Quem sabe, borboletas a bater asas na boca do estômago, que me deixam com uma ansiedade deliciosa? Ou um imperceptível contentamento que me faz sussurrar: – Não preciso de mais nada.


Minha alegria explode no peito como uma granada. Outras vezes irriga a pele com arrepios leves de satisfação. É fonte de água-viva, que jorra das minhas vísceras.

Pode nascer de uma rede branca estendida no alpendre e que balança com a brisa do mar; de um cafezinho no balcão de uma padaria; do som de uma taça que brinda o encontro de amigos; do olhar agradecido do neto que acabou de ganhar o primeiro estilingue; do cheiro da comida que se espalha pela casa; da música que lembra o meu amor adolescente; da estrela cadente que risca o céu e me convida a fazer um pedido; do exame de laboratório dizendo que não preciso alongar o tratamento; do livro relido depois de mais de dez anos; do elogio de meu pai quando aprendi a andar de bicicleta; do crepúsculo que desenha o Apocalipse quando viajo por uma estrada qualquer; da fúria do mar contra as rochas; do colibri que se aproxima e foge de mim num piscar de olhos; do feriado chuvoso para ler poesia em voz alta; das lágrimas do noivo enquanto espera a amada no altar da igreja; da tapioca com manteiga em dia frio; do silêncio da catedral vazia que me acolhe quando preciso meditar; do texto entregue que tira uma tonelada dos meus ombros; da noite do domingo depois que me doei inteiramente à Palavra.

Alegria custa tão pouco, meu Deus!

Soli Deo Gloria.

O AMOR À VERDADE E A VERDADE DO AMOR

Um texto maravilhoso sobre a verdade...
A Verdade não é um conceito, mas sim uma Pessoa...vale a pena ler

Dogmatismo (do grego dogmatikós, que se funda em princípios) é a postura que admite a capacidade do homem, por meio da razão, atingir a verdade absoluta, definitiva e indiscutível. Dogma, ou doutrina, é a descrição da realidade, e dogmático é aquele que acredita que a realidade é exatamente da forma como a percebe.

Os dogmáticos erram ao desconsiderar o fato de que a realidade é sempre maior do que o que dela conseguimos perceber e mesmo aquilo que conseguimos perceber é maior do que o que conseguir traduzir em palavras. Dogmas são crenças. Crença é a afirmação racional que descreve a realidade, a decodificação em palavras do que enxergamos do mundo que nos cerca, o conjunto de doutrinas que adotamos para descrever e organizar a realidade e nos situarmos nela.

Quando Jesus diz: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”, estabelece uma nova dimensão de relação com a verdade. A partir desta declaração de Jesus, a verdade não é mais uma questão de crença, pois já não se trata de explicar e descrever a realidade de maneira racional, mas de se relacionar com uma pessoa: o próprio Jesus. O Novo Testamento Judaico traduz corretamente João 3.16: “Deus amou tanto o mundo que deu seu Filho único, para que todo que nele confia possa ter vida eterna, em vez de ser completamente destruído”.

José Comblin, em seu opúsculo O que é a verdade? (Paulus: 2005), concorda que a verdade não é dogma ou doutrina, mas a pessoa de Jesus, e que o encontro com a verdade se dá no caminho de Jesus, a saber, o caminho do amor. Isso faz total sentido com o ensino dos primeiros apóstolos cristãos. João, dos discípulos talvez o mais íntimo de Jesus, nos aponta o caminho: “Amados, amemos uns aos outros, pois o amor procede de Deus. Aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. Foi assim que Deus manifestou o seu amor entre nós: enviou o seu Filho unigênito ao mundo, para que pudéssemos viver por meio dele. Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou seu Filho como oferta pelos nossos pecados. Amados, visto que Deus assim nos amou, nós também devemos amar uns aos outros (...) ninguém jamais viu a Deus; se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor está aperfeiçoado em nós. Deus é amor. Todo aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus nele” (1João 4.7-16).

Deus não pode ser visto, apropriado pela razão, traduzido em palavras. Mas pode ser percebido, experimentado. O máximo que o humano pode perceber de Deus foi revelado em Jesus, sua vida e seu amor. Por esta razão, o encontro com Deus não é questão de crença, mas de fé, sendo muito mais uma questão de seguimento em amor do que de doutrinas corretas.

A teologia, em termos de doutrinas e dogmas, serve à minha razão e me ajuda a organizar a realidade e me situar nela, para que o mundo me faça sentido e eu possa caminhar com direção e significado. Mas José Comblin me convenceu de que “os catequistas não podem comunicar a verdade – não podem comunicar a outra pessoa o conhecimento da verdade. Nem os pregadores e nem os teólogos podem fazer isso. Podem comunicar discursos humanos sobre Jesus, mas isso não é tornar conhecida a verdade (...) os catequistas, os pregadores e os teólogos podem fornecer elementos de reflexão; podem transmitir o seu próprio conhecimento ou colocar os ouvintes em condições favoráveis para que possam fazer a experiência do amor, mas devem dar a conhecer que não podem fazer mais que isso: convidar as pessoas a entrar no caminho do amor (...) Não adianta discutir ou procurar convencer. Uma pessoa vê ou não vê. Não adianta forçar alguém que não pode ver a ver. Somente pode ver quem está no caminho de Jesus pelo amor. Os demais não podem enxergar nada e somente podem explicar a visão dos outros em termos de ilusão ou loucura. Ver a verdade não é como ver um objeto, ou como ver um raciocínio. É um ver que envolve a pessoa toda, a vida toda. Não é uma visão que se contempla um momento para passar a outro objeto. É uma visão que acompanha a vida”. 2009 | Ed René Kivitz

quinta-feira, 26 de março de 2009

Adorei este texto...muito bom mesmo

"Já perdoei erros quase imperdoáveis, tentei substituir pessoas insubstituíveis e esquecer pessoas inesquecíveis.

Já fiz coisas por impulso, já me decepcionei com pessoas quando nunca pensei me decepcionar, mas também decepcionei alguém. Já abracei para proteger, já dei risada quando não podia, fiz amigos eternos, amei e fui amado, mas também fui rejeitado, fui amado e não amei.
Já gritei e pulei de tanta felicidade, já vivi de AMOR e quebrei a cara muitas vezes!
Já CHOREI ouvindo música e vendo fotos, já liguei só para ouvir a voz, me apaixonei por um sorriso, já pensei que fosse morrer de tanta saudade, tive medo de perder alguém especial (e acabei perdendo)! Mas vivi!Viva!
Não passo pela vida... você também não deveria passar! Bom mesmo é ir à luta com determinação, abraçar a vida e viver com paixão, perder com classe e vencer com ousadia, porque o mundo pertence a quem se atreve e a vida é muito para ser insignificante."
[ Charles Chaplin ]
No fundo da prática científica existe um discurso que diz: "nem tudo é verdadeiro; mas em todo lugar e a a todo momento existe uma verdade a ser dita e a ser vista, uma verdade talvez adormecida, mas que no entanto está somente à espera de nosso olhar para aparecer, à espera de nossa mão para ser desvelada. A nós cabe achar a boa perspectiva, o ângulo correto, os instrumentos necessários, pois de qualquer maneira ela está presente aqui e em todo lugar". Em 1979, Michel Foucault publicou Microfisica do Poder, obra que questionou vários postulados filosóficos entre os quais o poder.
"O filósofo é o amigo do conceito, ele é conceito em potencia. Quer dizer que a filosofia não é uma simples arte de formar, de inventar ou de fabricar conceitos, pois os conceitos não são necessariamente formas, achados ou produtos. A filosofia, mais rigorosamente, é a disciplina que consiste em criar conceitos".

Em 1968, Gilles Deleuze conhece Félix Guattari, e este encontro resulta em uma longa e rica colaboração.

"Nova consciência começa a surgir: o homem,confrontado de todos os lados às incertezas, é levado em nova aventura. É preciso aprender a enfrentar a incerteza, já que vivemos em uma época de mudanças em que os valores são ambivalentes, em que tudo é ligado".

Edgar Morin (1921-)pensador francês. Reconhecido internacionalmente,é, um humanista preocupado com a elaboração de um método capaz de apreender a complexidade do real, tecendo severas críticas à fragmentação do conhecimento.

"O homem não aparece na solidão, embora sua verdade última seja sua solidão: o homem aparece na socialidade como Outro,alternando com o Um, como reciprocante".

José Ortega y Gasset nasceu em Madrid (Espanha), no dia 9 de maio de 1883. Graduou-se e doutorou-se em Filosofia na Universidade Central de Madri em 1904. Em 1910 obtém a cátedra de Metafísica na Universidade Central de Madri

"O sofrimento não é unicamente definido pela dor física nem mesmo pela dor mental, mas pela diminuição até a destruição da capacidade de agir, do poder fazer, sentidos como um golpe à integridade do si".

Paul Ricouer nasceu em Valence(França) em 1913. Foi decano da Faculdade de Letras e Ciências Humanas e também foi professor honorário de filosofia em Paris-Nanterre.

"O homem é livre porque não é si mesmo, mas presença a si. O ser que é o que é não poderia ser livre. A liberdade é precisamente o que nada que é tendo sido no âmago do homem e obriga a realidade humana a fazer-se em vez de ser".

JEAN-PAUL SARTRE, (1905 - 1980), filósofo francês, escritor e crítico, conhecido representante do existencialismo. Era um artista militante, e apoiou causas políticas de esquerda com a sua vida e a sua obra.

"Meu sentido de sagrado, na medida em que tenho algum, está atado à esperança de que algum dia, em algum milênio futuro, meus descendentes remotos viverão em uma civilização global em que o amor será adequadamente a única lei".

Richard Rorty (1931-2007) foi professor de Filosofia e da Literatura Comparada na Universidade de Stanford, Estados Unidos.Uma das pricipais obras publicadas do filósofo no Brasil é A Filosofia e o Espelho da Natureza (1995).

"O filósofo não procura a verdade, mas a metamorfose do mundo nos homens: luta pela compreensão do mundo com a consciência de si. Luta em vista de uma assimilação; fica satisfeito quando consegue colocar algo de antropomórfico. Do mesmo modo que o astrólogo vê o universo a serviço dos indíviduos particulares, assim também o filósofo vê o mundo como sendo um ser humano". Friedrich Nietzsche

terça-feira, 24 de março de 2009

Fé ( Caio Fábio)

O que é a fé? — pessoas me perguntam.

“Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam e a firme convicção de fatos que se não vêem” — é o que define o livro de Hebreus.

Entretanto, parece que tal definição não cobre o todo da fé para alguns. Isso porque aparentemente falta à definição o sentido da fé como concordância com a doutrina e como perseverança na tribulação. Para outros, os que crêem que fé é também dúvida, a definição de Hebreus jamais é citada, posto que lhes pareça ser excessivamente simples ou simplista.

A fé, porém, é certeza de esperanças e certeza da existência do que não é apreendido pelos sentidos imediatos, seja para perseverar, seja para andar contra tudo... sem perder a esperança jamais.

O homem de fé pode duvidar, como não raro acontece. Mas é o homem quem duvida, não é a fé que carrega a duvida.

Jesus disse que existe muita fé e pouca fé!

“Nunca vi fé como esta” — disse Ele acerca do Centurião Romano.

“Por que duvidaste, homem de pouca fé?” — indaga Ele a Pedro.

A pouca fé é a fé emocional e momentânea, é a fé que vai porque está acontecendo... Mas quando as “ondas” aparecem, então, com a aparição vai a fé...

Já a muita fé é aquela que não duvida uma vez que tenha visto em Quem crê, à semelhança do Centurião, que não precisava de nada mais próximo ou tátil, pois, cria que Jesus era o que Havia [Há]... acima de tudo e todos.

O pai da fé é Abraão.

Ora, por que Abraão é o pai da fé se não porque ele creu no amor de Deus e na vontade bondosa de Deus apesar de tudo?

Paulo diz que Abraão é o pai da fé por ter crido, na prática, na Ressurreição antes de ela acontecer. E assim levou seu filho para ser imolado, crendo que Deus era poderoso para reavê-lo dentre os mortos.

A fé não é, todavia, fé em si mesma, não é fé na fé.

Fé na fé é crença, não é fé.

Fé na fé é mágica, mas não é fé.

A fé não é em si mesma, mas se projeta para além de si.

A fé na fé vai bem enquanto o que nos cerca é contornável, mas quando deixa de ser, então, tal fé não suporta o embate com a realidade.

Em Jesus, no Seu ensino nos evangelhos, a fé não é uma elaboração intelectual e ou filosófica.

Em Jesus a fé é uma dádiva do Pai aos simples de coração, aos que não se deixaram cegar pelas forças das razões fundadas no poder do homem, no seu entendimento ou nas suas decisões.

Para Jesus a fé era para quem queria..., não para quem discutia.

Não vemos Jesus jamais tentar provar a fé com argumentos.

Ele fazia. Quem cria aproveitava. Quem não cria não tinha ajuda de explicações.

Não dá pra criar fé. Dá pra criar crença. Mas fé não é obra do homem, é graça de Deus aceita pelo coração sem resistência.

A verdadeira fé, portanto, só se estabelece em mim quando minhas razoes cessam de guerrear com a Palavra feita carne em Jesus.

Posso não entender mais nada no Universo. Mas creio que Jesus é Deus.

Ora, se é assim comigo, na mesma hora o Universo e a existência começam a se fazer mais simples para o meu entendimento, ainda que eu não possa explicar muita coisa.

Afinal, quem crê na Ressurreição dos mortos não tem razão para temer mais nada e nem para duvidar de coisa alguma.

Assim, a fé não fecha a mente, mas a abre para mais possibilidades inusitadas e impensáveis.

Por hoje é só.

Outra hora continuo...



Nele, em Quem creio,



Caio
Perplexidade de ser
Ricardo Gondim

Quem sou eu? Continuo perplexo. Não sei traçar uma moldura precisa para mim mesmo.

Sou a mistura dos sons, paladares e cores de minha terra; o tamborilar da chuva na telha de barro que ressoa desde o lar mais remoto; a memória sobrevivente de ancestrais já defuntos; o aroma de uma velha cozinha mal cuidada; a ruptura de desejos pueris; o escombro de tragédias sem reposta; a sintaxe de um idioma que se fez pátria; a sede do transcendente que reluz nos olhos inquietos de um menino; o medo perene da rejeição; a carência de um peito acolhedor; a encarnação do fracasso repetido; a vertebração de perseverar como dever; o profeta da impotência; o criador da cisma infundada; o filho que se alterna terno e insensível; o pêndulo que confunde melancolia com nostalgia; o covarde que se revela tenaz; o corajoso que claudica; o cético cheio de fé; o santo que não passa de ordinário.

Soli Deo Gloria

Muriel Barbery em A Elegância do Ouriço

... Entendi muito cedo que uma vida se passa num tempinho à-toa, olhando para os adultos ao meu redor, tão apressados, tão estressados por causa do prazo de vencimento, tão ávidos de agora para não pensarem no amanhã... Mas, se tememos o amanhã, é porque não sabemos construir o presente e, quando não sabemos construir o presente, contamos que amanhã saberemos e nos ferramos, porque amanhã acaba sempre por se tornar hoje, não é mesmo?

Portanto, não devemos de jeito nenhum esquecer aquilo. É preciso viver com essa certeza de que envelheceremos e não será bonito, nem bom, nem alegre. E pensar que é agora que importa: construir agora, alguma coisa, a qualquer preço, com todas as nossas forças. Sempre ter na cabeça o asilo de idosos a fim de nos superarmos a cada dia, para tornar cada dia imperecível. Escalar passo a passo nosso próprio Everest e fazê-lo de tal modo que cada passo seja um pouco de eternidade.

O futuro serve para isto: para construir o presente com verdadeiros projetos de pessoas vivas.

Muriel Barbery em A Elegância do Ouriço

sexta-feira, 20 de março de 2009

EXCESSOS ( CAIO FÁBIO)

Não sejas excessivamente nada...

Nada em excesso faz bem...

Não sejas excessivamente bom, para que não te enredes em tua própria bondade, e, assim, te corrompas na presunção de tuas próprias leis de nobreza e misericórdia.

Não sejas excessivamente justo, para que a tua justiça não se torne em perversidade.

Não tentes ser amor, mas apenas ama. Somente Deus é amor. Nós não sabemos como é ser amor.

Não sejas completamente inclusivo, pois, assim, perderias o teu caráter.

Não sejas completamente exclusivo, pois, assim, perderias a tua alma e tornar-te-ias empedrado.

Um santo tem que antes ser um bom pecador. E o caminho para a santidade é vereda do reconhecimento do pecado.

Não busques nem as alturas e nem os abismos. Se tu chegares num desses pólos... que tenhas sido apenas levado pela vida, não por ti mesmo. Antes, busca o caminho do equilíbrio e a vereda plana.

Todo excesso destrói o ser!

Caio Fábio

quarta-feira, 11 de março de 2009

Viver não é para amadores


Todos vivem em constante tensão. A vida é complexa, muitas vezes paradoxal e plena de riscos; não é um passeio despretensioso. Cada pessoa é responsável e, ao mesmo tempo, vítima das circunstâncias. Cada estrada que se escolha se desdobra em alguma bifurcação. Uma simples decisão gera desdobramentos mil. Os poetas, os místicos e os filósofos já perceberam o siso necessário para enfrentar a imensa aventura de viver. Todo instante é inédito e exige a precisão de um relojoeiro.

Viver não é para amadores. Tudo o que se faz produz ondas, iguais às de uma pedra jogada no meio da lagoa. As escolhas, semelhantes a círculos concêntricos, espalham-se. No caso da pedra, as marolas se dissolvem nas margens do lago. Com os humanos, as conseqüências se alastram para sempre. Ninguém tem o controle dos efeitos de suas escolhas, eles repercutirão eternamente.

Viver não é para amadores. Os pais influenciam os filhos e os filhos formam famílias. Tanto bondades como maldades se reproduzem por gerações. Crianças sofrem as seqüelas das famílias disfuncionais. Muitas, oprimidas por mães castradoras, não conseguem criar os filhos. Se os pais atinassem para a sua importância na formação emocional e nos valores éticos de seus filhos, menos pacientes procurariam clínicas psiquiátricas e menos penitenciárias seriam construídas.

Viver não é para amadores. Sem saber organizar os desejos, a vida pode se perder com projetos irrelevantes. Sem dar sentido ao cotidiano, a existência pode patinar no tédio. São necessários princípios, verdades e valores para direcionar o cotidiano. As pressões têm a capacidade de destruir quem não fizer escolhas responsáveis.

Viver não é para amadores. Os indivíduos precisam uns dos outros e se ferem ao mesmo tempo. O próximo pode ser fonte de alegria e de frustração. Empobrecem os que tentam isolar-se para não passarem por decepções. Não é possível resguardar-se do amigo sem perder o viço. Só viverá bem quem não considerar o outro a razão do seu inferno. O céu pertence aos que aprenderam a relevar as inadequações alheias. Só o longânimo tem chance de ser feliz.

Viver não é para amadores. A existência é imprevisível. Não há como controlar a história ou situar os eventos futuros dentro de qualquer lógica. Por mais que os religiosos prometam, os filósofos pretendam e os sociólogos estudem, a história não se prende aos trilhos do destino. De repente, sempre de repente, chega o improvável e nessa hora será preciso coragem para não desistir. A viagem rumo ao porvir requer brios.

Viver não é para amadores. Não é fácil equilibrar o lazer com o dever, o ócio com o trabalho. Muito lazer produz tédio; muito dever, estressa. A preguiça acompanha o ócio e a fadiga, o trabalho. O Eclesiastes avisou que há tempo para todas as coisas: “tempo para plantar e tempo para arrancar o que se plantou, tempo de cozer e tempo de rasgar, tempo de juntar e tempo de espalhar o que se juntou”. Portanto, só vive quem souber transitar entre acontecimentos tão contraditórios.

Viver não é para amadores. Depressão e riso, alegria e tristeza formam a história de cada um. Quem foge da tristeza acaba neurótico, em negação, à procura de um mundo ilusório. Por outro lado, quem não sabe rir termina inclemente, à caça de gente para povoar o seu purgatório.
Viver não é para amadores. O sofrimento do mundo dói muito e não é possível evitá-lo. Contudo, é preciso achar alegria para celebrar aniversários, casamentos e formaturas. Os que se blindam para não sentirem a dor universal, sucumbem cínicos. Já os inconformados com o sofrimento universal são atraídos pelo rancor.

Viver não é para amadores. O tempo passa velozmente carregando tudo e todos. A pior angústia? Ver a areia da ampulheta, o pêndulo do relógio, a avisar que o calendário escasseia. Alguns não se dão conta que jogam a vida no lixo. Vaidades e megalomanias são ladras dissimuladas. Eternizar cada instante parece um esconderijo onde mora o segredo da felicidade.

Viver, definitivamente, não é para amadores. Que ninguém se atreva a querer tocar a vida só. Portanto, “se algum de vocês tem falta de sabedoria, peça-a a Deus que a todos dá livremente, de boa vontade; e lhe será concedida”.

Soli Deo Gloria.

Ricardo Gondim

segunda-feira, 9 de março de 2009

Um pouco de humor é sempre bem vindo...

domingo, 8 de março de 2009

Dia da mulher

O Dia Internacional da Mulher está relacionado aos movimentos socialistas feministas dos fins do século XIX ao início do século XX, que reivindicavam a igualdade entre homens e mulheres em todas as áreas da sociedade.

O primeiro Dia da Mulher foi comemorado em Chicago em 3 de maio de 1908, onde 1500 mulheres reclamavam igualdade de direitos com os homens. Em 1909 foi comemorado em Nova Iorque em 28 de fevereiro, e enfatizava o direito da mulher ao voto. Em 1910, foi comemorado em 27 de fevereiro, após um período de mais de três meses de greve, na qual 80% dos grevistas eram mulheres. Tal greve chamou a atenção da sociedade da época para a situação precária das mulheres.

Em 1911, inspiradas pelas mulheres norte-americanas, as alemãs celebram o dia da Mulher em 19 de março, e as suecas em primeiro de maio. Na Rússia, ainda sob o regime dos Czares, as mulheres que celebraram o Dia da Mulher foram duramente reprimidas, chegando a ser presas. Mas o movimento foi ganhando vulto internacional.

Em cada país era celebrado numa data diferente e sempre enfatizava o direito das mulheres ao voto. Em 1914, as alemãs comemoram no dia 8 de março, escolhendo essa data mais por questões práticas do que em homenagem a algum acontecimento especial.

Em 1922, o Dia Internacional da Mulher foi oficializado em 8 de março. O motivo do por que esta data foi escolhida tem duas histórias:A história mais popular é que esse dia homenageia as 129 mulheres mortas em 1857 em Nova Iorque que reivindicavam melhores condições de trabalho. O dono da fábrica de tecidos Cotton trancou suas funcionárias em uma mesma sala e depois ateou fogo no prédio, queimando-as vivas. Elas reivindicavam a redução da jornada de trabalho de 16 para 10 horas e um salário mais justo.

A outra história refere-se às mulheres russas, que em 1917 escolheram o Dia da Mulher de para fazerem uma greve contra a fome, a guerra e o regime czarista. As operárias deixaram as fábricas e saíram às ruas, atraindo a massa popular a tal ponto, que o incidente deu início a Revolução Russa e que derrubou o regime czarista. Isso ocorreu em 23 de fevereiro no calendário russo, que coincide com o 8 de março do calendário ocidental (gregoriano). Em 1921, a Conferência Internacional das Mulheres Comunistas propôs o dia 8 de março como o Dia Internacional da Mulher, em comemoração à atitude das mulheres russas.

Independentemente da realidade à escolha desta data o 8 de março está aí firme e forte. No ano 2000, o 8 de março foi celebrado com a Marcha Mundial das Mulheres que mobilizou mulheres de 161 países contra a fome e a violência contra o sexo feminino.

No Brasil, podemos dizer que o dia 24 de fevereiro de 1932 foi um marco na história da mulher brasileira. Nesta data foi instituído o voto feminino. As mulheres conquistavam, depois de muitos anos de reivindicações e discussões, o direito de votar e serem eleitas para cargos no executivo e legislativo.

Eu mesmo ( Diego Vainer)

Tentar é correr o risco de fracassar.
Mas os riscos devem ser corridos, porque o maior perigo é não arriscar nada.
Há pessoas que não correm nenhum risco, não fazem nada, não têm nada e não são nada.
Elas podem até evitar sofrimentos e desilusões, mas elas não conseguem nada, não sentem nada, não mudam, não crescem, não amam, não vivem.
Acorrentadas por suas atitudes, elas viram escravas, privam-se de sua liberdade.
Somente a pessoa que corre riscos é livre!" - Seneca (orador romano)

Carregamos em nossa existência o desejo de viver intensamente cada momento de nossas vidas. Vemos a vida passar e muitas vezes não sabemos o que fazer para tomá-la pelas mãos. Vertiginosa é a sensação do não-viver, estar e não-estar.

Trazemos em nosso peito o desejo de amar e sonhar, viver com verdade a verdade que se chama vida. Libertar-se de cativeiros que aprisionam nosso ser, impedindo-nos de transcender o observável, é tarefa que todos os dias temos que cumprir para não ficarmos às margens de nós mesmos.

Que tipo de pessoa você quer ser? Esta pergunta muitas vezes se torna difícil de responder, pois não sonhamos mais . Acostumamos a aceitar a as mazelas existenciais e não tomar nenhuma atitude diante delas. Desistimos de tomar uma nova postura diante da vida e de todas as realidades que nos permeiam.

Acredito que um grande projeto de vida seria: seja você mesmo. Não permita que pessoas projetem sonhos em sua existência. Erre, recomece, se arrisque, mas seja você mesmo. Uma das piores sensações que podemos ter na vida, é a de não estarmos vivendo nossos próprios sonhos, projetos e caminhos, por isso, não delegue a ninguém o seu direito de pensar, jamais permita que sua consciência seja terceirizada. Tenha a coragem de ser você mesmo. Entregue-se todos os dias a realidade dinâmica que possui a vida. Procure desbravar novos caminhos, viver novos amores, conhecer coisas novas. Não permita jamais que as frustrações do passado roube seu presente e futuro.

Já dizia Carl Gustav Yung que “nascemos originais e morremos cópias”, não permita que sua identidade mais profunda seja vilipendiada, deflagrada, mas sim transfigurada pelo imenso desejo de não ser ninguém mais do que você mesmo, sem culpas e remorsos, apenas você com suas idiossincrasias.



Filosofias e ideologias: estamos mergulhados nelas

“Filosofar é reaprender a ver o mundo” ( Merleau Ponty)

“Não existe filosofia, mas sim filosofias” ( Kant)

“A filosofia não torna às coisas mais fáceis , senão mais graves”

( Heidegger)


O homem é um ser histórico-cultural-social, ou seja, está inserido numa realidade na qual busca construir-se e construir. Inúmeras informações, conceitos, pensamentos, filosofias e ideologias permeiam sua existência, muitas das vezes se perde diante desse emaranhado epistemológico.

Desde que nasce sua consciência vai sendo formada através daquilo que chamamos de aparelhos ideológicos, ou seja, canais pelos quais as ideologias chegam até nós. Dentre os aparelhos ideológicos poderíamos citar: família, sociedade, mídia, religião, Estado e a escola dentre tantos outros. Se faz necessário refletir a seguinte questão: se tais aparelhos ideológicos vão formando lentamente e tendenciosamente nossas consciências, onde se encontra o sujeito e seu pensamento autônomo? Martin Heidegger, filósofo alemão do século XX, nos diz que aí se encontra uma das maiores dificuldades desse sujeito chamado “homem” encontrar sua verdadeira identidade.Numa expressão muito própria, seu “Eu”, em detrimento de um “Eles”, que anula na sua totalidade a subjetividade do sujeito. Em outras palavras Heidegger nos diz que o homem é um ser que dificilmente consegue se encontrar com sua essência mais profunda, seus próprios pensamentos e idéias.

O que fazer diante deste emaranhado de ideologias que estão arraigadas na vida de todos nós? Como podemos entrar num processo de hominização e de feitura intelectual? Quais são as atitudes que precisamos tomar para que não continuemos neste estado de minoridade intelectual?

Acredito que o saber filosófico com todo o seu referencial teórico pode nos ajudar a desmitificar estas ideologias que dia após dia encarceram nossas consciências, nos levando assim a um estado de alienação para com a realidade que nos envolve. O mito da caverna de Platão se faz mais uma vez lembrado. Vivemos numa caverna de ideologias , onde o processo de libertação se dá através da vontade e coragem de querer reaprender a ver o mundo.Conceitos serão resignificados, novas posturas ético-morais serão exigidas, o compromisso com o outro se insurgirá diante de nossos olhos. A pergunta que precisamos nos fazer é a seguinte: estamos dispostos a entrar neste processo e pagar o preço pelo novo significado que nossa vida ganhará? Vida essa que não se tornará mais fácil senão mais grave e angustiada? Como diz o poeta cada um sabe a dor e a alegria de ser o que é e também daquilo que poderia ser mas nunca foi. Um feliz processo de construção à todos.

Vainer

sexta-feira, 6 de março de 2009

Viva as perguntas


Quero lhe implorar para que seja paciente com tudo o que não está resolvido em seu coração e tente amar as perguntas como quartos trancados e como livros escritos em língua estrangeira.
Não procure respostas que não podem ser dadas porque não seria capaz de vivê-las. E a questão é viver tudo. Viva as perguntas agora.
Talvez assim, gradualmente, você sem perceber, viverá a resposta num dia distante.

Rainer Maria Rilke

quarta-feira, 4 de março de 2009


Uma pipa no céu...( Fábio de Melo)

A vida exige leveza, assim como a viagem. A estrada fica mais bonita quando podemos olhá-la sem o peso de malas nas mãos.

Seguir leve é desafio. Há paradas que nos motivam compras, suplementos que julgamos precisar num tempo que ainda não nos pertence, e que nem sabemos se o teremos.

Temos a pretensão de preparar o futuro. Eu tenho. Talvez você tenha também. É bom que a gente se ocupe de coisas futuras, mas tenho receio que a ocupação seja demasiada. Temo que na honesta tentativa de me projetar, eu me esqueça de ficar no hoje da vida.

Os pesos nascem desta articulação. Coisas do passado, do presente e do futuro. Tudo num tempo só.

Há uma cena que me ensina sobre tudo isso. Vejo o menino e sua pipa que não sobe ao céu. Eu o observo de longe. Ele faz de tudo. Mexe na estrutura, diminui o tamanho da rabiola, e nada. O pequeno recorte de papel colorido, preso na estrutura de alguns feixes de bambú retorcidos se recusa a conhecer as alturas.

O menino se empenha. Sabe muito bem que uma pipa só tem sentido se for feita para voar. Ele acredita no que ouviu. Alguém o ensinou o que é uma pipa, e para que serve. Ele acredita no que viu. Alguém já empinou uma pipa ao seu lado. O que ele agora precisa é repetir o gesto. Ele tenta, mas a pipa está momentaneamente impossibilitada de cumprir a função que possui.

Sem desistir do projeto, o menino continua o seu empenho. Busca soluções. Olha para os amigos que estão ao lado e pede ajuda. Aos poucos eles se juntam e realizam gestos de intervenção...

Por fim, ele tenta mais uma vez. O milagre acontece. Obedecendo ao destino dos ventos, a pipa vai se desprendendo das mãos do menino. A linha que até então estava solta vai se esticando. O que antes estava preso ao chão, aos poucos, bem aos poucos, vai ganhando a imensidão do céu.

O rosto do menino se desprende no mesmo momento em que a pipa inicia a sua subida. O sorriso nasceu, floresceu leve, sem querer futuro, sem querer passado. Sorriso de querer só o presente. As linhas nas mãos. A pipa no céu...
TENHO MAIS PENA dos que sonham o provável, o legítimo e o próximo, do que dos que devaneiam sobre o longínquo e o estranho. Os que sonham grandemente, ou são doidos e acreditam no que sonham e são felizes, ou são devaneadores simples, para quem o devaneio é uma música da alma, que os embala sem lhes dizer nada. Mas o que sonha o possível tem a possibilidade real da verdadeira desilusão. Não me pode pesar muito o ter deixado de ser imperador romano, mas pode doer-me o nunca ter sequer falado à costureira que, cerca das nove horas, volta sempre a esquina da direita. O sonho que nos promete o impossível já nisso nos priva dele, mas o sonho que nos promete o possível intromete-se com a própria vida e delega nela a sua solução. Um vive exclusivo e independente; o outro submisso das contingências do que acontece.

Fernando Pessoa

Ah! com que extremado esforço nos elevamos

acima de nós, para o inalcançável,

e retornamos aos nossos limites,

e nos curvamos até o chão.


Vamos e voltamos, delicados e impetuosos,

disciplinando a força, dominando o equilíbrio,

atrelando à levitação do sonho

o peso do corpo, melancólico.


Discípulos da música, respiramos sua cadência,

e a nossa densidade parece-nos, de súbito,

transparência e cristalização.


Vamos e voltamos, inspirados e deleitosos,

e decerto quereríamos definitivamente ir:

mas o jogo é de ir e ficar.

Cecília Meireles

terça-feira, 3 de março de 2009

Descartes e a morte de Deus

Amigos...acredito que a reflexão aqui posta é muito válida...boa reflexão à todos...os grifos são meus

Tese de Doutorado em Filosofia defendida por Joceval Andrade Bitencourt na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

O presente trabalho buscou mostrar as possibilidades e os limites da metafísica cartesiana, tendo como alvo principal, mas não único, investigar se é possível creditar à filosofia de Descartes a postura através da qual se inaugura na cultura ocidental a "morte de Deus". O resultado final, seja da ciência, seja da metafísica cartesiana, é a afirmação do homem como centro em torno do qual deve gravitar todo conhecimento, que tem na autonomia da razão natural sua causa originária. O cogito ao afirmar, através dos fundamentos do método inspirado nas leis da matemática, a primeira verdade, subordina todas as outras, quer sobre Deus, quer sobre o mundo, a essa primeira verdade. Descartes excluiu Deus de sua ciência; essa se processa à revelia de qualquer instância exterior à ordem da razão natural. Se há um Deus na metafísica cartesiana, não é possível identificá-lo com o Deus cristão: mistério transcendente, que se revela e se dá a conhecer ao homem que o acolhe na fé. O Deus da metafísica cartesiana é tão somente um princípio lógico, um fundamento racional, requerido pelas normas do método, ao qual encontra-se subordinado. Assim, o Deus que Descartes apresenta ao mundo, através de sua metafísica, já não é o Deus da religião; é, segundo a expressão de Pascal, o Deus dos sábios e dos filósofos. A morte de Deus se apresenta então como uma conseqüência direta da afirmação do homem, referência legitimadora de todo conhecimento verdadeiro, principalmente daquele que busca apresentar-se 7 como ciência. Deste modo, a morte de Deus estaria diretamente vinculada à filosofia de Descartes. Teria sido na metafísica cartesiana, em sua própria estruturação, que, mesmo não sendo essa a intenção explícita de Descartes, a morte de Deus teve lugar pela primeira vez na história do pensamento filosófico ocidental

segunda-feira, 2 de março de 2009

7 competências essenciais para sua carreira

Podemos perceber que há diversos traços de personalidade e comportamentos em comum que destacam os profissionais de sucesso dos demais. Partes destas competências são naturalmente adquiridas ao longo das experiências de vida; outras são forjadas pela necessidade de se sobressair no mercado de trabalho.

Vamos indicar sete competências relevantes para a gestão de uma carreira de sucesso:

Motivação. A capacidade de prosseguir, independente das situações adversas ou contratempos. É valorizado o profissional interessado, independente de bônus no salário, encorajamento dos superiores e palestras motivacionais;


Humor. A arte de gerenciar o próprio estado de espírito, para enfrentar o trabalho do dia-a-dia e a vida pessoal, mantendo harmonia interior e alegria de viver;


Produção de conhecimento. A capacidade de crescer profissionalmente, adquirindo conhecimentos relativos à profissão e relevantes para a organização em que trabalha, como também para sua carreira em particular;

Liderança. A capacidade de dirigir pessoas e tirar o melhor delas, levando-as a serem competentes e motivadas por trabalharem em equipe;

Relacionamento interpessoal. A capacidade de se comunicar com as pessoas em geral de forma eficaz, fazer amigos e influenciar pessoas - poder de persuasão;


Criatividade. A capacidade de criar e perceber coisas novas, gerar novas maneiras de fazer tarefas e reinventar métodos, produtos, formas de trabalhar;


Capacidade de sonhar. O exercício de imaginar coisas impossíveis e criar condições para realizá-las. Fazer o impossível tornar-se realidade pela imaginação, pela persistência e pela fé.


É evidente que existem outras qualidades necessárias ao desenvolvimento de uma carreira, como também outras habilidades em um profissional que seriam importantes para as organizações, mas estas sete competências certamente terão um peso fundamental para projetar uma carreira de sucesso.


Como liderar pessoas se você não souber se relacionar com elas, não souber persuadi-las a fazer as tarefas difíceis?


Para criar o novo é preciso atitude, é preciso sonhar, é preciso imaginação. Todavia, será necessário persuadir a equipe e conquistar aliados para as novas ideias. Como exigir atitude e criatividade das pessoas dentro da organização se você mesmo não é criativo, vive num estado de acomodação pessoal e profissional?


Como motivar as pessoas dentro da empresa se você mesmo precisa ser constantemente motivado?


Como manter a organização num ambiente agradável se você é o primeiro a perder o bom humor frente à menor dificuldade?


A conclusão que chegamos é a seguinte: os bons profissionais são importantes para as empresas; os profissionais competentes são fundamentais para o sucesso de qualquer organização; mas os líderes eficazes, sonhadores, motivados e bem humorados são absolutamente imprescindíveis em qualquer forma de organização empresarial.

Filosofia: insegurança, poesia, inutilidade

A filosofia não responde a nada, pois está em sua gênese perguntar. Por isso, esta disciplina, mais do que qualquer área do saber, está ligada à crítica. Sua criticidade, no entanto, tem a ver mais com a paixão do que com o controle do saber. Na verdade, aqui não há aporia, já que a filosofia suporta a convivência de paixão e razão. Ainda assim, é preciso pensar mais na possibilidade do risco do que da segurança, pois estamos falando de lugares que não são seguros.

Afinal, o que é saber? A própria tradução de filosofia como “amor pelo saber” merece consideração cuidadosa. Os radicais gregos “filos” e “sofia” poderiam significar outra coisa também. Lembremos que “filos” é, antes de tudo, “aquilo que é próprio”. Por sua vez, a palavra “sofia”, na sua origem, dizia respeito ao saber do poeta, portanto, a um saber específico, diferente de qualquer saber. Nada melhor que a expressão “o que é próprio do poeta” para definir o significado de filosofia.

Sendo a filosofia o saber do poeta, filosofar está entre as atividades mais “sem lenço e sem documento” do planeta. Aliás, não queiramos encontrar utilidade nas artes. Não cabe à arte o labor de triunfar. Se há um triunfo para o artista, este é, segundo Fernando Pessoa, “quando ao ler suas obras o leitor prefere tê-las e não as ler”. Este é seu maior triunfo. Isolar os outros, incitando-lhes o desejo de estarem sós. A arte impõe a obrigação de estar isolado. Como isso é verdade para quem mergulha na arte filosófica de encarar as questões mais profundas de nossa existência!

Felipe Fanuel