domingo, 8 de março de 2009

Filosofias e ideologias: estamos mergulhados nelas

“Filosofar é reaprender a ver o mundo” ( Merleau Ponty)

“Não existe filosofia, mas sim filosofias” ( Kant)

“A filosofia não torna às coisas mais fáceis , senão mais graves”

( Heidegger)


O homem é um ser histórico-cultural-social, ou seja, está inserido numa realidade na qual busca construir-se e construir. Inúmeras informações, conceitos, pensamentos, filosofias e ideologias permeiam sua existência, muitas das vezes se perde diante desse emaranhado epistemológico.

Desde que nasce sua consciência vai sendo formada através daquilo que chamamos de aparelhos ideológicos, ou seja, canais pelos quais as ideologias chegam até nós. Dentre os aparelhos ideológicos poderíamos citar: família, sociedade, mídia, religião, Estado e a escola dentre tantos outros. Se faz necessário refletir a seguinte questão: se tais aparelhos ideológicos vão formando lentamente e tendenciosamente nossas consciências, onde se encontra o sujeito e seu pensamento autônomo? Martin Heidegger, filósofo alemão do século XX, nos diz que aí se encontra uma das maiores dificuldades desse sujeito chamado “homem” encontrar sua verdadeira identidade.Numa expressão muito própria, seu “Eu”, em detrimento de um “Eles”, que anula na sua totalidade a subjetividade do sujeito. Em outras palavras Heidegger nos diz que o homem é um ser que dificilmente consegue se encontrar com sua essência mais profunda, seus próprios pensamentos e idéias.

O que fazer diante deste emaranhado de ideologias que estão arraigadas na vida de todos nós? Como podemos entrar num processo de hominização e de feitura intelectual? Quais são as atitudes que precisamos tomar para que não continuemos neste estado de minoridade intelectual?

Acredito que o saber filosófico com todo o seu referencial teórico pode nos ajudar a desmitificar estas ideologias que dia após dia encarceram nossas consciências, nos levando assim a um estado de alienação para com a realidade que nos envolve. O mito da caverna de Platão se faz mais uma vez lembrado. Vivemos numa caverna de ideologias , onde o processo de libertação se dá através da vontade e coragem de querer reaprender a ver o mundo.Conceitos serão resignificados, novas posturas ético-morais serão exigidas, o compromisso com o outro se insurgirá diante de nossos olhos. A pergunta que precisamos nos fazer é a seguinte: estamos dispostos a entrar neste processo e pagar o preço pelo novo significado que nossa vida ganhará? Vida essa que não se tornará mais fácil senão mais grave e angustiada? Como diz o poeta cada um sabe a dor e a alegria de ser o que é e também daquilo que poderia ser mas nunca foi. Um feliz processo de construção à todos.

Vainer

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