domingo, 4 de janeiro de 2009

CAMINHOS E PARALELOS ( DIEGO VAINER)

Estabelecer comparações é próprio do homem. O que se foi? O que será?Não se consegue mais olhar a realidade que nos permeia, perde-se o hoje por um futuro incerto, pretéritos encarceram plenitudes. Nosso coração sempre fica a esmo de nós mesmos. Inexoravelmente nos coloca sempre numa atitude de busca. Quer projetar-se, transcender. A estagnação gera insanidade, pois somos seres à caminho, construímo-nos à medida que caminhamos.Encontrar-se é o desejo mais profundo , íntimo,essencial e fundamental de nossa existência, como diz o poeta “eu caçador de mim”.
Sempre estamos em busca de nós mesmos, queremos saber quando vamos nos encontrar, e se isso não for possível, ao menos ficar um pouco mais dentro de si. A tensão da vida quer nos tirar de nós mesmos, todavia só em nosso interior encontramos significado para todas as realidades externas.Este paradoxo da intersignificação é uma linha muito tênue do existir. Somente o encontro consigo mesmo faz com que a existência ganhe significado e sentido.
Quem já não enredou-se na loucura de tentar matematizar a existência, segurá-la nas mãos,encabrestá-la como se faz com o cavalo arisco? E experimentamos que no final ela sempre foge de nós, e quando se esvai leva consigo um pouco de nós e nos obriga a um novo começo.
Às vezes as forças são poucas para começar de novo, contudo é sempre nestes momentos que descobrimos que somos mais do que pensávamos ser.
Cada novo começo carrega consigo um novo olhar sobre si mesmo e pela vida. Arestas são aparadas, sentimentos tomam nova direção, o amor guarda-se um pouco mais no peito antes de se dar, todas as lágrimas ganham significado, nenhuma delas se perde no rio da vida.
Rir-se das próprias loucuras. Ter um passado para contar, seja ele bom ou ruim , significa que tentamos ser felizes, nos arriscamos frente às escolhas. No final das contas, o que não terá importância será o próprio final, mas o caminho que foi percorrido.
O amor que foi compartilhado sempre permanece. Aquele que foi dado inconsequentemente se perde, o que foi construído eterniza-se em corações. Sempre somos assaltados pelo imediatismo, não queremos construir, sendo assim ficamos sempre à margem da existência, bebendo das superficialidades e trivialidades de um cotidiano sem sentido e fugaz. Acredito que a vida não é uma brincadeira de mau gosto. Ela possui um sentido, e precisa ser vivida com amor, dores, lágrimas, com tudo aquilo que comporta em si, não perdendo nada, mas juntando todas as peças deste mosaico chamado existência.

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