domingo, 4 de janeiro de 2009

UTOPIAR-SE (DIEGO VAINER)

É proibido pensar. Parece que este é o slogam da contemporaneidade. Fala-se de liberdade mas vive-se em ditaduras. Quero aqui entender ditadura como ação coercitiva que enquadra o indivíduo não apenas em cárceres físicos, mas também intelectuais; acredito que a escravidão intelectual é a mais devastadora.
Nascem hoje inúmeras ditaduras que visão encarcerar o homem, sejam elas de caráter ético-moral, sócio-econômico, estético .Vive-se de forma inconsciente, num mar de ideologias sem fim.Não existem mais utopias que visem a libertação do homem, se bem que o homem não se conscientizou ainda de suas escravidões. As ideologias o tragaram de tal forma, que sua inconsciência levará tempo para ser clarificada.
“O homem é a medida de todas as coisas”, assim dizia o sofista Protágoras. O homem é o legislador de si mesmo. Não há verdades absolutas e eternas. Uma vez que mensuramos a realidade por esse viés relativista, estaremos partindo de uma subjetividade para uma outra subjetividade. Penso que não deva ser assim, precisamos buscar uma objetividade. Não basta apenas quebrar paradigmas, necessário é mostrar direções, caminhos, estradas para se iniciar uma nova jornada. A crítica é sempre positiva, pois nos leva e reflexão. Contudo se não apontarmos horizontes continuaremos estagnados em nosso peregrinar rumo à libertação.
A sociedade pós-moderna perdeu-se em seus relativismos. Não existem mais parâmetros, limites, ordem. As elucubrações lógico-racionais já não significam nada para o homem pós-moderno. Pensar dói. Refletir sobre os próprios pensamentos, rever conceitos , valores, atitudes e posturas é muito laborioso para o homem que se acostumou com as respostas prontas, o imediatismo imbecilizador em detrimento da reflexão exaustiva é a preferência da massa.
Autonomia intelectual é uma quimera em nossos tempos, mas acredito firmemente que só a mesma poderá nos ajudar a sairmos de nossa minoridade existencial, em todas as suas dimensões. Temos delegado aos meios de comunicação de massa, instituições, pessoas e a tantos outros organismos o nosso direito de pensar.
“Não escolher é escolher”.Todas às vezes que nos permitimos ficar parasitando em um senso comum que não colabora em nada para uma mudança efetiva em nossa sociedade, escolhemos o fracasso da mesma.Calar é consentir já diz o ditado popular.Nosso silêncio sepulcral é o aval que damos aqueles que querem perpetuar seus autoritarismos e arbitrariedades.Devemos aguçar o senso crítico inerente em nós. Não se pode ter medo de pensar, desestabilizar-se, resignificar-se. Reinterpretar todas as dimensões da vida é próprio do verdadeiro homem que deseja ver mudanças efetivas em sua realidade.
“Não é pecado, mas também não tem perdão”, assim disse o poeta. Resignar-se significa prostrar-se. Ensimesmar-se é próprio daquele que ainda não entendeu que estamos todos juntos neste mesmo mar da vida. Voltemos a ser utópicos como Martin Luther King, Gandhi, Madre Teresa de Calcutá e tantos outros que acreditaram num mundo melhor. A utopia leva a quebra de paradigmas, novos horizontes. Não podemos ter medo de sonhar. Que a dura realidade não aborte nossos ideais.É possível um novo mundo.Só transformaremos, transformando-nos.

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