domingo, 4 de janeiro de 2009

ENCONTRAR-SE (DIEGO VAINER)

A desestabilização é uma constante em nossa existência. Somos seres de transcendência. O tempo e o espaço não conseguem nos encapsular em suas estruturas.
Parametrizar a existência é próprio do homem em seu processo de hominização. Ele não caminha de uma subjetividade para uma subjetividade, mas para uma objetividade.Procura a verdade. Quer entender e não apenas estar-aí. Muitos parâmetros se tornaram paradigmas, engessaram o intelecto humano levando-o assim a uma letargia epistemológica e também a uma patologia existencial. A pior morte é a ausência de vida, significado e identidade.Sobreviver não, existir sim.
Partir é sair de si. Toda tentativa de aniquilação do processo de feitura do homem, deve ser questionado e refutado. Aquilo que impede de ser não tem razão para continuar a ser. Escolhemos e somos frutos de escolhas. Nosso processo de construção não pode estagnar-se. O fechar-se em si mesmo leva a uma putrefação interior.
É próprio da estrutura na qual estamos inseridos, querer nulificar a liberdade humana .É sabido que o homem livre se constrói, refaz-se e resignifica-se a cada instante .Mas tal processo se materializa apenas na liberdade. Sentido e significado são realidades que acometem incessantemente o homem em sua realidade mais profunda. Quanto maior a intelecção destas verdades, maior será sua satisfação em relação a existência que se revela diante de seus olhos.
Encontrar-se na existência invariavelmente leva a uma intelecção mais profunda de um elemento antropológico que precisa ser abstraído, a identidade. Conhecer-se é processo de uma vida. Aventura mais bela de ser vivida. Desvelamento é próprio do processo de identificar-se no mundo, na história, consigo mesmo e com os outros. Qual é o meu lugar em mim? No outro? No mundo? O conhecimento da própria identidade leva o presente a presentificação, o significado a significação, o eu a realização e satisfação existencial. Estar todo inteiro em si mesmo é uma luta. Muitas vezes perdemos nosso horizonte de sentido e ficamos perdidos no mar da vida, sendo jogados pelos ventos das circunstâncias.
Qual o significado dos significados em nossa vida? Por que preciso intelectualizar e não apenas aventurar? Caminhar ao invés de filosofar? Mergulhar no mistério ao invés de entendê-lo?
Decidir por acreditar naquilo que enche minha vida de sentido é optar pela felicidade, mesmo que não explicada segundo as categorias que satisfazem o intelecto, mas deixam no ser o deixar esperar.

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